Uma carta às pesquisadoras que desejam se tornar especialistas
-------------------------------- #6 encontrando valor no erro: o lado B do OFF
Escute o texto com comentários da autora.
Começo esta carta dizendo que erramos ao conduzir um experimento de 60 dias OFF. Pois a pergunta é: OFF de quê? Eu achei que o OFF era um momento para repensar os nossos estados mentais como pesquisadoras e pessoas disponíveis dentro de uma empresa que existe num formato de Laboratório e que tem o objetivo de fazer as pessoas respirarem diferente a partir da pesquisa com abordagem antropológica, e que o ambiente colapsado das redes sociais no digital, já não construía mais valor para nós. Afinal, apreciamos o silêncio e o foco, e estar em redes sociais e, sobretudo, no formato das redes sociais digitais, estava matando a nossa maior potência de vida e nossa espontaneidade criativa. E com isso, o nosso foco, o nosso silêncio e nossa abstração, que tanto valorizávamos, já não existiam mais.
Mas chegamos a conclusão até aqui, nestes 40 dias [Ox] OFF, que construímos uma batalha generalizada por encontrar saídas para novos caminhos de contato. Foi um esforço de estica e puxa sem fim, que gerou uma obsessão por achar saídas diárias para restabelecer novos caminhos relacionais. Fazia anos que não me sentia tão obcecada por algo que precisava entender. As fichas como estavam colocadas - nos mantendo sem contato - não estavam mais fazendo sentido, e o tópico: como promover novas redes de contato era recorrente, e a pergunta sobre como podiamos valorar novos caminhos de ENCONTRO não parava de sair de nossas cabeças. E a conclusão é que sim, precisamos de contato. E sabemos que este é o nosso objetivo como empresa-laboratório de pesquisa com foco em antropologia aplicada: criar relação, observar comportamentos, decodificar culturas, ressignificar o pertencimento e promover valor em forma de comunidade para pessoas e empresas conscientes de suas contribuições.
Mas posso ser bem sincera, já que estamos abrindo aqui o coração, entendemos hoje, longe das redes sociais digitais, que o digital não produz nada sozinho. Também não cria nada sem a potência humana. E que quem criou este enredamento tóxico com as redes sociais somos nós. E sabe o que está por baixo de tudo isso? Necessidade de relação e troca. Mas também, declara uma completa dependência, falta e um desejo gigante de pertencimento. O que acontecia uma vez nas praças, nos parques, nos espaços de convivência, como: clubes, academias, bares, institutos, cursos de férias, praia, festas, confraternizações, feiras e comemorações, se reproduz hoje, em uma dinâmica automática que nos faz perder o sentido do que significado das redes sociais no sentido antropológico e social do termo --------- e também a sua importância, para quem esteve lá no comecinho de tudo, que lembra da sensação de encontrar pares, fazer amigos e diminuir as distâncias que o digital produzia.
E que tal se a gente pudesse repensar estes espaços turbulentos de hoje e pudéssemos fabular novos espaços de contemplação, reflexão, com trocas sensíveis, no qual pudéssemos criar espaços digitais de contato que realmente diminuissem distâncias e pudesse construir lugares com ambiência e segurança? Espaços que pudesse valorar as nossas potencialidades, intimidade, solidariedade e colocasse a nossa adaptabilidade para rodar em um experimento que fosse ATIVO & REAL PARA UMA VIDA TODA E DE FORMA VITALÍCIA.
Foi pensando no que deu errado neste experimento de pausa – pois vivemos dias em meio a uma ansiedade absurda, que nos fez buscar mais perguntas do que calma – já que achávamos que iríamos viver este momento de pausa OFF de maneira muito melhor. Neste sentido, entendemos que refazer a proposta e avaliar como poderemos criar processos mais duradouros e com práticas mais efetivas é o lugar que realmente desejamos.
Estas respostas - que nos deram paz de espírito - nasceram do contato de dois eventos que vivemos de forma consecutiva, na última quinta-feira de inverno na cidade de Porto Alegre.
Eu explico melhor: isso não estava planejado - dois eventos na mesma noite - mas mudou o meu estado de espírito e abriu espaços para novas certezas. O primeiro evento cheguei super atrasada - mais ou menos 1h30 do horário combinado, e fez com que eu me perguntasse inúmeras vezes, em meio ao trajeto, se fazia sentido atravessar a cidade naquele horário, pois estava em um grande congestionamento sem fim, mas achei importante continuar, e persistir na ideia de prestigiar a grande pesquisadora e, hoje, CEO da marca Malwee, Gabriela Cirne Lima. Este momento foi algo muito importante de sua carreira, e prestigiar uma grande mulher que admiramos, faz parte do desmonte do digital pasteurizado. Queria vê-la de perto e minha intuição estava certa. Foi lindo. No evento, pude trocar abraços cobertos pela textura de lã das roupas de mulheres que eu abraçava e pude conhecer de perto a ancestralidade da Gabi, em uma troca com seus familiares. Esperar sem pressa na fila, também foi um acontecimento. E ver a Gabi, esta grande mulher que eu admiro, poder escrever uma verdadeira carta de amor ao jeans brasiliero de forma tão cuidadosa, foi um presente. Já que quem conhece a gentileza da Gabi, sabe do que estamos falando.
No evento, encontrei outra amiga, e também, interlocutora de minha tese de pesquisa de doutorado no departamento de Antropologia Social, da Universidade Federal do Rio Grande do sul, UFRGS. A grande designer do impacto social, Itiana Pasetti, que estava sozinha, momento este em que pudemos, em meio a fila de autógrafos conversar sem filtro. Que momento raro. E foi a Iti que, num lampejo por mais momentos como aquele que estávamos vivendo, me indicou o segundo evento na Livraria Baleia, da curadora e fundadora Nanni Rios, no centro da cidade. Um evento que experimentava uma sensação de clube do livro com mediação emocionante da grande Manuela D'ávila para falarmos de maternidade, violência e feminino a partir do livro "No muro da nossa casa", da incrível escritora de romances relacionais Ana Kiffer.
Ali, neste evento, na Livraria Baleia, o OFF apareceu. Chegou num formato que entregava contato, vulnerabilidade, experiência estética entre texturas, frestas inconscientes, histórias de vida de mulheres, cores e muito bem-estar. Me senti recheada de vida.
Ali eu encontrei o que estava desumanizando este espaço em rede digital, porque valorizar a disponibilidade extensiva e sem profundidade é muito caótico.
Então, resolvemos fabular o futuro criando o futuro que queremos aqui na [Ox]. Depois de 40 dias OFF (sem redes sociais) entendemos que a pausa nos fez pensar em como precisávamos de uma alavanca contrária para mudar o que estava nos consumindo.
E achamos uma saída para todas as pesquisadoras que desejam criar no seu presente novas realidades para uma criação de futuros como este, no qual apresentei nas cenas 1 e 2 dos dois eventos que mudaram a minha vida e fizeram com que nós entendêssemos que o nosso erro era pensar que as redes digitais eram o problema e que o lado b desta oportunidade pudesse ser a possibilidade de imaginar novas formas de rede.
Consegue imaginar? Esta é a senha: te prometemos um encontro secreto para [Ox]igenar certezas - somente para mulheres pesquisadoras brasileiras - que te explicará em três atos como se tornar uma pesquisadora-especialista que busca verdades que te farão: 1. entender o poder da diferença; 2. as cinco cadeiras que precisas sentar para elevar a tua autoestima como pesquisadora; 3. e o que é necessário para chegar neste lugar de especialista.
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Te encontro do outro lado desta porta.
Por mais contatos, presença e afeto entre mulheres.
Carmencita.